sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Assistam o encerramento da Novela '"Viver a Vida"

Olá, pessoal! Está no ar, desde segunda-feira passada, dia 14/09, a novela Global "Viver a Vida" de Manoel Carlos. Como marca registrada do autor, a novela é finalizada com depoimentos verdadeiros de pessoas que superaram desafios em suas vidas. Mas, qual o motivo de estarmos falando disso? Bom, é que neste sábado agora, dia 19 de setembro, teremos o depoimento de um comunicador da Rádio Boa Nova.

Trata-se de Roberto Rios, apresentador do programa "Gente como a Gente", que vai ao ar às terças-feiras, 17 horas, aqui na Rádio Boa Nova. Roberto Rios é paraplégico desde 1996 e, desde então, iniciou sua militância na área da deficiência. Roberto Rios é Jornalista, radialista, já trabalhou como Assessor da Secretaria Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Cidade de São Paulo e atualmente é palestrante, sempre na intenção de levar às pessoas uma palavra de incentivo e força, para a área do mercado de trabalho. Além disso, é articulista da Revista Nacional da Reabilitação - a REAÇÃO. Recentemente ele e sua família participaram do Reality Show "Troca de Família", na Record, onde sua esposa foi ficar com uma família em Portugal e uma outra mulher que mora em Portugal veio passar uma semana com a família de Roberto no Brasil, (veja foto acima, com sua filha e a mulher de Portugal)
Ufa! Pelo jeito ele não para nunca! Se você quer conhecer melhor este comunicador da Rádio Boa Nova, leia a seguir uma entrevista que ele concedeu ao jornal da AME - Associação dos Médicos Espíritas:
AME - Como se deu a sua deficiência?
Roberto Rios- Sou paraplégico em função de lesão medular causada por tiros. Fui vítima de um assalto em 1996. O primeiro projétil atravessou o peito lateralmente furando os dois pulmões e o segundo atingiu a 8° vértebra toráxica. A lesão medular é bastante complicada, pois, muito diferente do que a maioria pensa, não é só não andar, ela rompe o comando das funções de todos os órgãos que estão abaixo como: bexiga, intestino, sexo, sensibilidade, etc, além de outros desdobramentos como: infecções, feridas, deformações, perda de massa muscular, etc.

AME - Como foi sua infância, seu relacionamento com sua família e colegas de escola?

Roberto Rios - Minha infância foi super saudável. Criei-me no interior bem próximo do mato. Nadei em rios e lagos, pulei de cipó milhões de vezes, subi em todo tipo de árvore, corri por todos os caminhos e trilhas, sempre descalço, tomei sol e chuva, sempre sem camisa. A alimentação, na sua grande maioria, vinha do nosso próprio quintal. Verduras e legumes que eu e minha mãe plantávamos, as aves que criávamos e as frutas que cuidávamos. Tudo isso, talvez, tenha sido decisivo para minha força física e conseqüentemente uma boa recuperação. A família foi normal dentro do ambiente rústico e quase sem instrução em que vivíamos, mas sempre com um amor enorme e incondicional por parte de meus pais. Amigos de escola foram poucos, pois meu pai mudava constantemente de cidade devido a sua profissão. Não cheguei a ter aqueles amigos que nos acompanham por toda a vida desde a infância, mas teve as compensações, a bagagem cultural por viver em muitos lugares foi acima do normal.

AME - Como iniciou sua militância na área da deficiência?

Roberto Rios - Foi logo no quarto ou quinto mês após a lesão. Eu ainda estava tomando três remédios fortíssimos para depressão, por imposição de um médico, quando decidi parar e tocar minha vida normalmente sem dependências. Voltei a trabalhar e comecei a minha reabilitação na AACD. Foi aí que conheci um pouco do mundo da pessoa com deficiência e vi que o bicho era mais feio do que parecia, pois as pessoas com deficiência, de uma maneira geral, conviviam com agravantes terríveis como pobreza e falta de informação. Então fui pelo caminho da informação. Criei um gibi com um personagem cadeirante (o LEME). Comecei a dar aulas no curso de lesão medular da AACD, entrei para o rádio fazendo um programa de entrevistas, fiz faculdade de Jornalismo e aí não parei mais. Escrevo para a revista Reação, projetei a Seped e já ministrei centenas de palestras, sempre com o objetivo de melhorar o conhecimento e dar uma melhor qualidade de vida para essas pessoas..

AME - O que pode apontar como avanço e retro cesso na área?

Roberto Rios - O maior avanço, aqui no Brasil, foi a abertura de muitos espaços na mídia para a discussão da causa. Isso trouxe uma aproximação maior da sociedade. Com isso, houve a quebra de barreiras atitudinais existentes pelo medo e falta de conhecimento e, lógico, um crescimento enorme para todos. Essa troca que deve existir pelas diferenças é, certamente, a maior fonte de aprendizado do ser humano. Conseqüência disso, dessa maior interatividade, também evoluíram as pesquisas e produção de produtos. Como retrocesso, acho que foi o crescimento da ambição de alguns, se aproveitando do enorme mercado que se descortinou. Tem pessoas, com cara de anjo, super interessadas na causa do deficiente mas que não conseguem esconder o verdadeiro objetivo, que é o financeiro ou a promoção pessoal.

AME - Quais são os principais desafios que uma pessoa com deficiência enfrenta atualmente?
Roberto Rios - Eu entendo que, para aqueles que têm garra e que querem se superar, vencer, quebrar barreiras, os desafios são menores do que a 15 ou 20 anos atrás. As pessoas com deficiência que querem realmente a inclusão social, sem privilégios, encontram hoje, uma sociedade mais mobilizada. As barreiras arquitetônicas estão diminuindo, as novas construções já nascem com desenho universal, o mercado de trabalho está totalmente aberto, ainda que por força da Lei 8.213, os empresários estão conhecendo melhor a força e capacidade da pessoa com deficiência. Hoje, acho que temos o desafio de tirar totalmente da sociedade o sentimento de dó. O resto – falta muito ainda – está caminhando. E para aqueles que não querem evoluir, que continuam se achando inválidos, que querem continuar dependendo da família ou da pena da sociedade, o grande desafio é acordar.

AME - Como se deu sua inserção na área da comunicação no rádio?

Roberto Rios - Eu sempre fiz palestras na minha religião. Cinco meses após o acidente, voltei a atuar como palestrante, e isso despertou a curiosidade da Rádio Boa Nova, que me chamou para uma entrevista. Depois de gravar uma hora, o apresentador me perguntou se eu tinha gostado, foi aí que sugeri uma nova linha de condução do programa. Propus que o programa tomasse a difícil missão de informar tudo que pudesse melhorar a qualidade de vida da pessoa com deficiência, na área médica, no direito, no trabalho, no lazer, nas relações sociais, etc. Que esse programa fosse a grande ferramenta de aproximação da sociedade ao mundo da pessoa com deficiência, pois iria desmitificar e, com isso, derrubar as barreiras e as discriminações. Aceitaram minha sugestão e me convidaram para ficar no programa. Hoje, já completei dez anos apresentando o “Gente como a gente”, todas as terças, às 17h, e graças a Deus crescendo com muita audiência.

AME - De que forma você acredita que a comunicação pode contribuir para a inclusão social das pessoas com deficiência?

Roberto Rios - A comunicação é, com certeza, o principal caminho para a inclusão social. Ela deve e está cumprindo seu papel de esclarecer todas as dúvidas, tanto do lado da sociedade como da pessoa com deficiência. O ser humano sempre teve medo do desconhecido, isso faz com que ele crie travas de segurança para não correr riscos. Partindo desse princípio, fica fácil entender, por exemplo, que a pessoa com deficiência mental ou mesmo um paralisado cerebral era chamado de louco ou doido e, em muitas ocasiões, perigoso; que o deficiente físico era o “aleijadinho” incapaz e, até mesmo uma epilepsia era contagiosa. Portanto, não acontece o movimento rumo a inclusão, do lado da sociedade, se isso não for muito bem explicado. E do lado da pessoa com deficiência também precisa ser demonstrado que ele é capaz, fazer com que ele recupere a auto-estima e parta pra luta, saia do isolamento. Se não houver movimento dos dois lados, nunca haverá inclusão.

AME - Quais são seus planos para o futuro?

Roberto Rios - Aposentadoria, com certeza, não é. Continuarei a lutar muito nessa causa, porque acredito que existiram grandes cabeças que foram desperdiçadas ao longo de nossa história e que agora não temos mais tempo para esse grande erro. O mundo está numa velocidade alucinante de descobertas tecnológicas e acredito que isso tenha um motivo, não sei qual, mas tenho certeza que Deus sabe qual é e será nossa necessidade de conhecimento para sobrevivermos aos solavancos e catástrofes que nós mesmos plantamos. Por isso, se faz necessário que todos participem em igualdade de condições para criar e, mais importante, evitar que se destrua.

AME - Qual é sua mensagem para nossos leitores?

Roberto Rios - Acreditar sempre, mesmo que pareça impossível! Ter a inocência de sonhar, a ousadia de arriscar, a coragem de continuar, a maturidade para realizar e a humildade para recomeçar tudo de novo





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